Como aplicar a medicina humanizada e quais são os seus benefícios?

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medicina humanizada

A medicina humanizada é uma forma de incorporar a subjetividade de médicos e pacientes aos processos objetivos dos cuidados com a saúde.

Ou seja, ela coloca a relação médico-paciente como um ponto central na obtenção de desfechos clínicos positivos 

Se você deseja saber mais sobre essa modalidade para aplicá-la em sua clínica, continue a leitura. Aqui você vai descobrir todos os benefícios dessa prática. 

O que é medicina humanizada?

É o exercício da profissão de médico que enfatiza a experiência do paciente durante os cuidados de saúde. Ou seja, o foco do atendimento é a pessoa. Assim, é considerada toda a bagagem sociocultural e psicológica que tornam uma pessoa um indivíduo único.

A medicina humanizada foi amplamente abordada pelo cardiologista e ganhador do prêmio Nobel da Paz, Bernard Lown, em seu livro A arte perdida de curar.

Neste livro, o autor mostra como a medicina contemporânea se afastou de práticas fundamentais da relação médico-paciente. Algumas delas são a conversa com os pacientes e familiares, a escuta compassiva e o aconselhamento.

Isso porque, com o avanço científico e tecnológico, a medicina adotou um modelo que entende o ser humano sobretudo em seu aspecto físico e biológico.

Como resultado, o tempo dedicado às entrevistas com o paciente ficou cada vez menor, privilegiando a realização de exames.

Além disso, as práticas médicas se concentram mais em tratar problemas agudos e urgentes do que em promover a saúde e prevenir doenças.

Em contrapartida, a medicina humanizada utiliza os avanços científicos e tecnológicos em conjunto com práticas que mostram que o paciente é mais do que a doença que sofre.

A importância da medicina humanizada 

A medicina humanizada é importante, sobretudo, para oferecer conforto emocional aos pacientes e familiares durante os cuidados, além de estabelecer um vínculo significativo na relação médico paciente.

É claro que esta prática nos traz também a reflexão sobre os efeitos que ela pode causar nos médicos.

Isso porque ao se aproximar dos pacientes, os profissionais podem sentir mais o impacto diante de situações como desfechos negativos e o óbito do paciente.

Esses aspectos explicam a preferência de alguns profissionais em criar um distanciamento com quem está sendo atendido. 

Trata-se de uma atitude de autopreservação, uma vez que a ausência de um vínculo emocional diminui o sofrimento do médico em situações difíceis.

Portanto, a questão aqui é como oferecer um atendimento humanizado e ao mesmo tempo preservar a saúde mental dos profissionais. Uma das formas de fazer isso parte da diferenciação dos conceitos de simpatia e empatia.

A simpatia é quando sentimos parte da dor do outro em um processo de identificação. Já a empatia é a habilidade de compreender o sofrimento e as necessidades da pessoa, mas ao mesmo tempo manter uma certa objetividade a fim de oferecer a ajuda.

No artigo A Empatia no Relacionamento Terapêutico, as professoras Telma Carraro e Vera Radünz ilustram a diferença entre esses dois conceitos com a imagem de uma pessoa que caiu em um buraco.

Neste sentido, uma atitude simpática seria entrar no buraco e chorar junto com a pessoa. Já a atitude empática seria se colocar à beirada do buraco e ajudar a pessoa a sair dele.

Em síntese, a medicina humanizada é importante para oferecer um atendimento empático, de modo que os pacientes recebam uma atenção enquanto sujeitos singulares, sem que os médicos aumentem seu nível de estresse no trabalho.

A medicina humanizada no Brasil

Para falar de medicina humanizada no Brasil, precisamos analisar a questão desde a formação dos médicos no país.

Nos cursos de medicina, os estudantes começam a ter contato com os pacientes apenas entre o quinto e sexto ano de faculdade.

Com isso, a maior parte de seu treinamento foca na parte técnica e teórica da profissão, sem desenvolver de forma abrangente as habilidades necessárias para o atendimento humanizado.

Logo, os médicos precisam desenvolver essas habilidades ao longo de sua carreira.

Outro aspecto que influencia a aplicação da medicina humanizada no país é o modelo de remuneração mais difundida do setor, o fee for service (pagamento por serviço).

O problema desse modelo é que os profissionais são recompensados pelo volume de atendimentos e não pela qualidade.

Como consequência, o tempo dedicado à conversa com os pacientes diminui. Ou seja, o foco do atendimento não é a experiência da pessoa, e sim os protocolos e processos.

O movimento para tornar a medicina mais humanizada no Brasil parte tanto da Saúde Pública como da Saúde Suplementar.

A Saúde Pública e a Medicina Humanizada

Na Saúde Pública, existe desde 2003, a Política Nacional de Humanização (PNH) que busca promover mudanças no modo de atender os pacientes do SUS.

A iniciativa consiste em reunir os diferentes atores dos serviços de Saúde pública em rodas de conversa a fim de construir coletivamente práticas de humanização da medicina.

Além disso, o projeto conta com o portal Rede HumanizaSUS para o compartilhamento de conteúdos e vivências sobre o tema.

A Saúde Suplementar e a Medicina Humanizada

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lançou em 2019 um guia para a implementação de modelos de remuneração baseado em valor.

Afinal, esses modelos privilegiam a experiência do paciente e recompensam os profissionais pela qualidade dos serviços.

Tanto que a primeira diretriz da ANS para a adoção de um modelo de remuneração é a centralidade do paciente.

Inclusive, a questão da humanização da medicina é tão importante para o setor, que as cooperativas de saúde estão apostando nela como um diferencial.

De acordo com matéria publicada no G1, as cooperativas estão ganhando mais espaço no setor privado por conta da medicina humanizada.

Contudo, os diferentes atores do setor precisam se unir para que esse aspecto deixe de ser um diferencial para se tornar um padrão de atendimento no país.

Desenvolvendo a medicina humanizada na sua clínica

Para desenvolver a medicina humanizada em sua clínica é preciso desenvolver uma cultura de atendimento não só para os médicos, mas para todos os profissionais que interagem com os pacientes.

Por esse motivo é preciso investir em treinamentos para toda a equipe. O que pode ser feito por meio de cursos, palestras, seminários e rodas de conversa.

Esses espaços ajudam a desenvolver as habilidades para o atendimento humanizado. Além disso, funcionam como uma forma de apoio emocional entre os profissionais.

Do ponto de vista organizacional, também é preciso pensar em medidas que tornem a jornada do paciente mais acolhedora.

Nesse sentido, aspectos como o tempo de espera dos clientes e a estrutura da instituição devem ser otimizados.

Afinal, esperar por longos períodos para ser atendido gera desconforto e ansiedade. Da mesma forma, a estrutura da clínica impacta na percepção do paciente.

Por isso, a clínica deve tornar o ambiente por onde os pacientes circulam o mais agradável possível. Assim, vale a pena investir na decoração e conforto adequados. 

Como aplicar a medicina humanizada?

Aqui é preciso deixar claro que aplicar a medicina humanizada não se limita a fazer um checklist de ações que o médico deve realizar, como por exemplo:

  • Olhar para o paciente;
  • Escutar compassivamente;
  • Oferecer apoio emocional;
  • Ter uma comunicação clara;
  • Entre outros.

É claro que todos esses elementos são importantes, mas eles não abrangem todos os aspectos da medicina humanizada.

Isso se deve ao nível de subjetividade envolvido nesse tipo de atendimento, que está ligado mais a uma forma de ser e agir do que em seguir determinados protocolos.

Com efeito, a prática da medicina humanizada depende de autoconhecimento e sensibilização. Confira a seguir, algumas dicas de como desenvolver esses aspectos:

Consuma obras de arte

Uma forma de estimular a sensibilidade é consumir obras de arte. Isso porque o processo de desfrutar da arte causa uma mudança na percepção sobre a realidade para além da do lado racional. 

A própria origem da palavra estética sugere a ligação da arte com os afetos, uma vez que ela vem do grego, aisthesis, que significa sentir.

Ou seja, ao se expor a uma obra de arte, a pessoa tem a oportunidade de vivenciar diversos fenômenos da vida.

Por isso, escolha as formas de arte que você mais gosta, como literatura, cinema, artes plásticas e torne o seu consumo um hábito.

Pratique o mindfulness

O mindfulness é a prática de estar completamente no momento presente. Tal prática é essencial para praticar a medicina humanizada.

Para perceber as emoções dos pacientes é preciso praticar esse olhar atento ao que está acontecendo aqui e agora. 

Muitas vezes estamos apenas fisicamente presentes, enquanto nossas mentes estão em outros lugares, como os problemas familiares, contas, e assim por diante.

Existem diversas técnicas de mindfulness que você pode aplicar no seu dia a dia, como prestar atenção na respiração e meditar.

Estude sobre inteligência emocional

A racionalidade também é importante para se preparar para aplicar a medicina humanizada. 

Por isso, é importante estudar sobre inteligência emocional. Essa, por sua vez, é a capacidade de lidar com as suas emoções e com a dos outros.

Um dos livros mais importantes sobre o tema é o Inteligência Emocional, de Daniel Goleman

Quais são os benefícios da medicina humanizada?

A medicina humanizada traz muitos benefícios para os pacientes e profissionais da saúde. Confira abaixo algumas delas:

Os diagnósticos ficam melhores

Com o atendimento humanizado, os pacientes se sentem mais confortáveis para falar durante as consultas.

Dessa forma, o médico consegue recolher mais informações para elaborar diagnósticos mais completos. 

Fidelização dos pacientes

Como a experiência do paciente é melhor na medicina humanizada por causa de um atendimento mais próximo e personalizado, ele fica mais disposto a retornar à clínica.

Por isso, a prática também colabora para a fidelização dos pacientes.

Aumenta o engajamento do paciente

O engajamento do paciente aumenta porque a medicina humanizada cria um relacionamento mais horizontal com o médico.

Ou seja, em vez de receber as instruções médicas em uma relação de autoridade, os pacientes são mais ativos no processo de decisão.

Com isso, o paciente se torna co-responsável pelo sucesso do seu tratamento e entende com mais clareza o seu papel no processo de cura.

Neste artigo, você conferiu a importância de prestar atenção às emoções e necessidades dos pacientes durante as consultas.

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Perguntas frequentes:

O que é medicina humanizada?

É a prática da medicina que enfatiza a experiência do paciente em que o foco é a pessoa humana com toda a bagagem sociocultural e psicológica que tornam uma pessoa um indivíduo único.

Como aplicar a medicina humanizada?

Para aplicar a medicina humanizada é preciso desenvolver algumas habilidades para as relações interpessoais que podem ser estimuladas pelo consumo de obras de arte, práticas de  mindfulness e pelo estudo da inteligência emocional.

Quais são os benefícios da medicina humanizada?

A medicina humanizada melhora a qualidade dos diagnósticos, fideliza o paciente e aumenta o seu engajamento nos tratamentos.

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