A troca de especialidade entre os médicos é algo relativamente comum no setor. Embora, não existam estudos abrangentes sobre este movimento na comunidade médica, há indícios de que isso aconteça.
De acordo com a Demografia Médica no Brasil 2020, o número de títulos de especialistas é maior que o número de indivíduos especialistas. Para se ter uma ideia, existem 432.579 títulos para 293.064 profissionais.
As razões para trocar de especialidade incluem fatores, como a busca de melhor remuneração, adequação de estilo de vida, realização profissional, questões pessoais, etc.
Uma das partes mais importantes desse processo de transição é entender bem como funciona o mercado e a atuação da especialidade para a qual você pretende migrar.
Por isso, se você está considerando se tornar um médico pediatra, continue a leitura deste texto para conferir um panorama geral dessa especialidade no Brasil.
A carreira do médico pediatra
Começando pela quantidade de profissionais em atividade, a pediatria é a segunda especialidade com mais especialistas no país.
De acordo com a Demografia Médica no Brasil 2020, 10,1% dos médicos especialistas são pediatras, atrás apenas da Clínica Médica que possui 11,3% dos profissionais.
Isto não significa, contudo, que a demanda por pediatras no Brasil esteja resolvida. Pelo contrário, a maioria desses profissionais estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste do país e nas capitais.
A rede pública de saúde enfrenta há pelo menos 10 anos uma grande dificuldade de preencher as vagas de seus concursos públicos. Isso pode ser explicado pela falta de um plano de carreira para este especialista no SUS e devido à remuneração ser pouco atrativa.
Desse modo, muitos profissionais acabam atuando apenas em consultórios particulares ou na rede privada. Outros ainda trabalham nas duas iniciativas, dividindo seu tempo entre atendimentos particulares e plantões ambulatoriais.
Para melhorar este cenário, o Ministério da Saúde lançou recentemente o programa Cuida Mais Brasil que contará com um investimento de 194 milhões de reais aos municípios por meio do SUS.
A expectativa é que este investimento ajude a aumentar a quantidade de especialistas em pediatria e diminuir a desigualdade da distribuição. Visto que a demanda por serviços pediátricos vem aumentando.
Conforme matéria publicada pela Agência Brasil, houve um aumento de 50% de atendimentos pediátricos nos municípios que contam com este especialista em suas equipes.
Sendo assim, o pediatra tem a opção de construir uma carreira híbrida, atuando no setor público que promete melhorar as condições de trabalho ou empreender com um consultório particular.
Em quais ramos o médico pediatra pode se especializar?
O médico pediatra possui diversas opções de áreas em que pode se especializar.
Confira abaixo uma tabela com informações do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre as áreas de atuação que tem como requisito a especialidade em pediatria. Acrescentamos também uma coluna para outras especialidades que dão acesso à mesma área de atuação:
| Área de atuação | Tempo de formação | Outra especialidade |
| Alergia e Imunologia Pediátrica | 2 anos | Alergia e Imunologia |
| Cardiologia Pediátrica | 2 anos | Cardiologia |
| Emergência Pediátrica | 1 ano | Medicina de Emergência |
| Endocrinologia Pediátrica | 2 anos | Endocrinologia e Metabologia |
| Gastroenterologia Pediátrica | 2 anos | Gastroenterologia |
| Hematologia e Hemoterapia Pediátrica | 2 anos | Hematologia e Hemoterapia |
| Infectologia Pediátrica | 2 anos | Infectologia |
| Medicina Aeroespacial | 1 ano | Clínica Médica, Medicina Intensiva, Medicina deEmergência, Cirurgia Geral e Anestesiologia |
| Medicina do Adolescente | 1 ano | — |
| Medicina Intensiva Pediátrica | 2 anos | Medicina Intensiva |
| Medicina Paliativa | 1 ano | Anestesiologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço,Cirurgia Oncológica, Clínica Médica, Geriatria, Mastologia, Medicina de Família eComunidade, Medicina Intensiva, Neurologia, Nefrologia ou Oncologia Clínica. |
| Nefrologia Pediátrica | 2 anos | Nefrologia |
| Neonatologia | 2 anos | —- |
| Neurologia Pediátrica | 2 anos | Neurologia |
| Oncologia Pediátrica | 2 anos | Hematologia e Hemoterapia ou Oncologia |
| Pneumologia Pediátrica | 2 anos | Pneumologia |
| Reumatologia Pediátrica | 2 anos | Reumatologia |
| Toxicologia Médica | 1 ano | Clínica Médica, Medicina Intensiva ouPneumologia |
Como você viu, existem diversas especialidades que são requisitos para as mesmas áreas de atuação da pediatria, enquanto outras apenas o pediatra pode atuar.
Logo, se você já possui uma dessas especialidades e deseja mudar de área de atuação, não será preciso se especializar em pediatria para se inserir nela.
Ou seja, um cardiologista pode se tornar um cardiologista pediátrico, mas para trabalhar na área de neonatologia, será necessário passar primeiro pela especialização em pediatria.
Mudanças recentes na pediatria
Em termos de mudanças na pediatria, estamos observando um movimento internacional de melhoria na assistência à saúde.
Dessa forma, os profissionais estão se adaptando a um novo conjunto de prioridades que vão além dos processos autônomos de tomada de decisões do médico.
Neste sentido, aumenta significativamente a importância da medicina baseada em evidências, a redução de despesas desnecessárias e a promoção da segurança do paciente.
Estes novos elementos se relacionam com a meta tripla de melhoria dos cuidados médicos, são elas:
- Melhor saúde para a população;
- Cuidados melhores para os indivíduos;
- Redução de custos causada pelas melhorias.
O aumento da qualidade da assistência à saúde causará impactos na prática clínica dos pediatras e na promoção da saúde das crianças em um futuro próximo.
Para conferir os detalhes dessa mudança, leia o primeiro capítulo da 22ª edição do livro “CURRENT Diagnóstico e Tratamento: Pediatria”, que é a publicação de referência internacional sobre as atualizações da especialidade.
O Impacto da Pandemia na Pediatria
Além disso, existem as mudanças causadas pela Pandemia do Novo Coronavírus na dinâmica dos atendimentos pediátricos.
Uma dessas consequências foi a viabilização das teleconsultas que permitiu que os pediatras atendessem as crianças à distância por meio da internet, reservando o atendimento presencial para os casos mais complexos.
A situação de pandemia também aumentou a necessidade de oferecer um atendimento humanizado para a criança e seus familiares. Tanto que um grupo de pesquisadores publicou um estudo em que pediatras relatam uma elevação nos níveis de estresse tanto nas crianças quanto nos seus responsáveis.
Afinal, a nova enfermidade impactou a todos em níveis psicológicos e sociais por conta do risco de infecção dos indivíduos e de seus familiares, as novas formas de atendimento e os protocolos de segurança.
Este cenário acrescentou outro elemento importante na atuação desse especialista que é a orientação de crianças e adolescentes sobre as medidas de prevenção contra o novo vírus.
O que é crucial para o atual momento de retomada das atividades escolares no modelo presencial e híbrido.
Quanto ganha um médico pediatra?
De acordo com o portal Salário, que utiliza dados do Novo CAGED, eSocial e Empregador Web, a média salarial de um pediatra no Brasil é de 7.190,82 reais para uma jornada de 22 horas semanais.
Já a média do piso e do teto salarial para esse profissional é de 6.562,98 reais e 16.144,83 reais respectivamente.
Essas informações foram obtidas a partir de uma análise de 1.872 salários de médicos contratados e desligados de empresas entre janeiro e dezembro de 2021.
Os valores refletem apenas o valor líquido do salário, sem considerar os adicionais de insalubridade, benefícios, bônus, etc.
Vale ressaltar que esses ganhos estão associados à contratação do especialista e não incluem os rendimentos de um profissional que trabalha por conta própria em um consultório particular.
Neste caso, as variáveis aumentam, pois precisamos considerar as questões regionais de onde o médico atua, o perfil de seus pacientes, a disponibilidade de especialistas e a capacidade de divulgação e gestão dos profissionais.
Qual é o perfil do médico pediatra?
O perfil do médico pediatra é composto não só por suas habilidades técnicas, como também por traços de personalidade.
Os fatores subjetivos são importantes para qualquer especialidade, mas adquirem uma carga extra de relevância para a pediatria, considerando as características dos pacientes que são crianças e adolescentes.
Além de gostar de lidar com este público, o pediatra deve sobretudo, saber se comunicar com eles a fim de entender como as crianças e seus familiares vivenciam o processo saúde-doença.
Neste sentido, a interação verbal e não verbal que acontece durante as consultas são essenciais para que o médico compreenda o contexto familiar do paciente para poder orientar de forma personalizada sobre as ações terapêuticas e de promoção da saúde.
Por esse motivo, o médico pediatra deve associar suas características pessoais de empatia, gentileza e capacidade de comunicação com estudos de Psicologia Pediátrica.
Desse modo, ele consegue ter uma visão abrangente sobre os comportamentos determinantes das pessoas que estão na faixa etária entre zero e 18 anos no contexto da atenção à saúde.
Lembrando que os atendimentos sempre ocorrem na presença de um responsável que em geral é a mãe da criança ou adolescente. Logo, o médico precisa lidar com dois indivíduos diferentes em seu trabalho e ser compreendido por ambos.
Para uma introdução aos processos comunicacionais em pediatria, leia o artigo “Comunicação em pediatria: revisão sistemática de literatura” produzido por dois pesquisadores da Universidade de Brasília.
Como é a rotina do médico pediatra?
A rotina do médico pediatra é majoritariamente clínica, com exceções que dependem da área de atuação que o profissional escolheu se especializar, como a emergência pediátrica, por exemplo.
Portanto, basicamente o pediatra tem uma rotina de consultas em clínicas ou em consultórios próprios nos quais deve aplicar processos, como:
- Anamneses;
- Exames clínicos;
- Orientações sobre promoção da saúde e prevenção;
- Acompanhamento do crescimento;
- Solicitação de exames complementares.
O especialista também pode dedicar parte do seu tempo a atendimentos ambulatoriais em hospitais em sistema de plantões.
A pediatria é uma especialidade que traz uma boa remuneração para o médico e possui uma grande variedade de possibilidades de desenvolvimento da carreira médica.
Dependendo da sua especialidade de origem, você pode escolher uma área de atuação que não precise passar pelos três anos de especialização em pediatria como vimos na tabela das especialidades.
A tomada de decisão sobre a troca de especialidade não é fácil e merece bastante ponderação. Por isso, vale a pena continuar lendo sobre as opções que você selecionou.
Neste artigo, apresentamos um panorama geral da pediatria no Brasil. Você ainda pode se aprofundar no assunto lendo as publicações que indicamos ao longo do texto e assim ter mais certeza em sua decisão.
Independentemente da especialidade que você escolher, um dos processos que sempre vai te acompanhar no exercício da profissão é a entrevista com o paciente.
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Perguntas frequentes:
O que faz o médico pediatra?
É o responsável pela promoção da saúde, prevenção e tratamento de crianças e adolescentes.
Quanto ganha um médico pediatra?
De acordo com o portal Salário, que utiliza dados do Novo CAGED, eSocial e Empregador Web, a média salarial de um pediatra no Brasil é de 7.190,82 reais para uma jornada de 22 horas semanais.
Como é a rotina do médico pediatra?
Basicamente a rotina do médico pediatra acontece nos atendimentos clínicos e ambulatoriais, com aplicação de anamnese, exames clínicos, orientações médicas, etc.
